Aventuras

de Dumont

Capítulo 1

A mandala e a linha do tempo

No mágico ano de 1888, o Brasil pulsava com ideais libertários e igualitários, onde as pressões sociais para abolir a escravatura ganhavam força. Nesse cenário de transformação, homens eram substituídos por máquinas robôs alimentadas a carvão, uma inovação brilhante de Henry Ford. Em meio a essas mudanças, um jovem visionário habitante de Petrópolis traçava os primeiros esboços de uma revolução nas alturas.

“Dumão, Dumão! Onde estás? A escola te espera!” chamava Dona Francisca, aquecendo o almoço em seu retrofuturista micro-ondas.

“Hoje, a escola não me verá. Mãe, teimosa ainda em usar essas relíquias”, respondia Santos Dumont com um sorriso desafiador.

“Testarei hoje a minha nova asa”, proclamava o jovem com eloquência.

O orgulho nos olhos de Dona Francisca era visível. “Quando partirás para Paris, meu filho?”

“Alterei minha passagem para a próxima semana, dia 14”, respondia com convicção.

Santos Dumont, o prodígio, pouco se interessava pelos ensinamentos escolares básicos. Enquanto o professor discorria sobre roldanas, ele já esboçava aeronaves em suas anotações. Sua inteligência e criações o aproximavam da elite da sociedade. Numa majestosa festa no Palácio de Cristal, onde a alta sociedade se reunia, ele cruzou caminhos com Dom Pedro II e a Princesa Isabel.

Naquela época, a sociedade se deliciava com as maravilhas tecnológicas. A Princesa Isabel entretinha-se com condessas, compartilhando fotos instantâneas através de uma rede social virtual chamada “Livro dos Rostos”. Espelhos emoldurados enviavam mensagens via sinais de rádio para dispositivos semelhantes. No topo do Trono de Fátima em Petrópolis, Pedro II instalara uma antena que conectava diretamente com o Cristo Redentor, estabelecendo uma ligação com o mundo inteiro. A cada postagem, um pedaço de açúcar era oferecido em troca, elevando o açúcar a uma quase segunda moeda.

Após uma das festas, Pedro II convidou Dumont para um “after party” na Loja Maçônica de Petrópolis.

“After party na Loja Maçônica? Que façanha será esta? Um ritual obscuro?”, ponderava Dumont.

Movido por intrepidez e curiosidade, ele aceitou o convite, admirando a beleza do interior do lugar. O teto pintado assemelhava-se ao céu, e ao apagar das luzes, hologramas criados por lâmpadas incandescentes e de neon dançavam, formando uma mandala. E de dentro da mandala emergiu Dom Pedro II.

A mandala desceu, moldando-se como uma estrela de Davi de seis pontas. Dom Pedro II no ápice, Princesa Isabel na segunda ponta, Nikola Tesla na terceira, Albert Einstein na quarta. A quinta e sexta pontas permaneciam vazias.

“Esse espetáculo é deslumbrante”, comentava Santos Dumont.

“E você é parte dele”, retrucava Pedro II.

Medo começava a envolver Dumont, mas antes de partir, ele pediu permissão para se retirar.

“Você deseja voar, não é mesmo?”, perguntou Pedro II.

“Construa a máquina voadora, e nós a financiaremos”, continuou.

“É meu sonho”, declarou Dumont.

Encaminhado à entrada da mandala, Dumont adentrou. E Pedro II falou:

“A mandala está quase completa. Antes de sua jornada a Paris, vá ao Rio de Janeiro e encontre Machado de Assis. Ele detém informações vitais para que Einstein e Tesla completem o projeto de suas máquinas do tempo. Eles o encontrarão na Sérvia logo após seu encontro com Machado. Enviar tais informações por meio da teia comunicadora será de suma importância.”

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